quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Os primeiros momentos de Hitler

Alemanha, 1923. Um talentoso entrevistador de origem germânica, mas radicado nos EUA - que também viria a ser um destacado poeta e escritor de seu tempo - se encontra na Baviera com um líder partidário de pouca expressão nacional. Sua militância de extrema direita, se confunde com outros grupos de ideologias semelhantes e contrárias, tão comuns àquele país devastado, recém saído de uma grande guerra mundial. Desconhecido da maioria, suas idéias já demonstravam naquela época o grande perigo que o mundo viria a presenciar alguns anos depois.

Munique na década de 1930
Adolf Hitler, era austríaco. Serviu na primeira guerra mundial e nunca atingiu uma patente superior à de cabo (o exército alemão impedia que estrangeiros ascendessem na hierarquia).  Nesse período, obteve destaque como mensageiro, posição inferior e perigosa, vulnerável aos ataques inimigos. Sequelado, teve ferimentos à bala em uma das pernas e perda parcial da visão por exposição ao gás mostarda. Assistiu incrédulo à rendição alemã, assim como seus demais compatriotas, pois acreditava que o exército alemão não tinha sido, de fato, derrotado. Em 1919, ainda no exército, foi designado para investigar, como espião, um movimento radical incipiente em Munique, conhecido como "Partido alemão dos trabalhadores", constituído em sua maioria por membros antissemitas, nacionalistas extremistas e anti-comunistas.

Fardamento ilustrativo dos Camisas-marrons
Propaganda de recrutamento feminino





















Identificando-se com a mesma ideologia que compartilhava há tempos, Hitler se encontrara com seus iguais. Filiou-se imediatamente, se tornando um de seus membros mais ativos. Sua facilidade de oratória lhe fez galgar posições rapidamente e, em menos de 2 anos, tornou-se chefe do partido. Sob o seu comando, rebatizou-o para "Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães", que recrutava jovens sem perspectiva de futuro (muitas vezes forçadamente), incutindo nestes suas idéias mirabolantes. Naquela época, cada partido dispunha de uma milícia ou guarda pessoal, e a dos Nacionais-socialistas em 1923 já contava com mais de 3000 homens. Conhecidos como os "camisas-marrons", ganharam certa notoriedade em Munique através da violência e intimidação dos partidos rivais. 

Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, reunião em 1922
A caótica Alemanha do pós-guerra simpatizava com a organização e severidade dos Nacional-socialistas. É neste momento que George Sylvester Viereck realiza sua entrevista. Impressionado com o que ouvira, anotou em profecia: "Este homem, se sobreviver, fará história, para o bem ou para o mal". Poucos meses depois, os Nacional-socialistas orquestram um golpe, duramente sufocado pela polícia bávara, em que grande parte da sua liderança fora morta ou presa. O Golpe da cervejaria, ou Putsch de Munique, tinha como objetivo tomar as rédeas do governo bávaro para, em seguida, imitar a famosa Marcha sobre Roma de Benito Mussolini, numa revolucionária "Marcha sobre Berlim". O partido foi erradicado pela polícia e Hitler foi condenado a uma pena de 5 anos de prisão, mas cumpriu apenas 9 meses. Nesse curto período, recebia cartas de apoio vindas de toda a Alemanha, motivando-o a escrever o best-seller Mein Kampf, o manifesto ideológico do "novo" partido Nacional-socialista refundado em 1925. Hitler reorganiza sua milícia, criando a SS, e, posteriormente a SA, uma das maneiras de burlar as sanções à militarização alemã, impostas pelo Tratado de Versalhes.

Militantes Nacionais-socialistas na Praça Central de Marienplatz durante o Putsch de Munique, em 1923
Em outubro de 1929 ocorre o grande Crash da Bolsa de Nova Iorque, dando início ao pior e mais longo período de recessão econômica do século XX. A economia americana já demonstrava resultados negativos nos trimestres antecedentes e a Alemanha, que vinha em processo de recuperação, sofre um novo golpe. A economia alemã, basicamente industrial, dependia do comércio exterior e, de repente, cessou todo o ingresso de capitais estrangeiros. As portas do comércio internacional foram abruptamente fechadas. Centenas de indústrias faliram e o índice de desemprego explodiu. No início de 1932 já existiam mais de 6 milhões de desempregados, o que representava cerca de um terço da força de trabalho alemã. A inabilidade do governo (leia-se Partido Social Democrata Alemão) no manejo da economia, ocasiona crescente rejeição popular, permitindo a ascenção dos Nacional-socialistas e também dos Socialistas ("bolchevistas") no parlamento. Os Nazis (Nationalsozialistis) e os Sozis (Sozialistis), de ideologias rivais, criaram um clima de constante desordem por toda a Alemanha, em função dos atos de violência entre seus militantes e simpatizantes. 

"Mãe migrante", símbolo da Grande Depressão retratada por Dorothea Lange
Com as alianças políticas e conchavos, nas eleições de julho de 1932 os nazistas obtiveram 13,75 milhões de votos, que representavam mais que o dobro das vagas dos socialistas no parlamento. Foi decisivo o apoio do Partido Central Católico e de membros da igreja (católica e protestante), que temiam o socialismo ateu, confiscador dos bens eclesiásticos, e simpatizavam com o antissemitismo (culturalmente irraigado na Áustria e no sul da Alemanha). 

Bispado católico em saudação nazista
Em 9 de julho de 1932, logo após as eleições, a entrevista concedida por Hitler a Viereck em 1923 é reeditada pela Revista Liberty. Hitler se tornaria chanceler no ano seguinte e o restante da história todos já conhecemos. Mas naquele tempo, Adolf Hitler era praticamente desconhecido pela opinião pública americana, razão pela qual Viereck, atento ao momento decisivo da história mundial, antecipou-se em sua investigação minunciosa.

O Holocausto - o estúpido resultado da ideologia nazista.

 A entrevista de Adolf Hitler, por George Sylvester Viereck:

"Quando eu assumir o comando da Alemanha, vou erradicar a dívida internacional e o bolchevismo nacional."

Adolf Hitler esvaziou o copo como se em seu interior não contivesse chá, mas a essência do bolchevismo.

"O Bolchevismo…" - continuou o chefe dos camisas marrons (os fascistas da Alemanha), olhando para mim malignamente - "…é a nossa maior ameaça. Extermine o bolchevismo na Alemanha e restaure 70 milhões de pessoas ao poder. A França deve sua força não aos seus exércitos mas às forças do bolchevismo e às desavenças em nosso meio.

"O Tratado de Versalhes e o Tratado de Saint-Germain são mantidos vivos pelo bolchevismo alemão. Os Tratados e o bolchevismo são duas cabeças de um mesmo monstro. Temos que decapitar as duas."

Quando Adolf Hitler anunciou este programa, o advento do Terceiro Império que ele proclamava parecia no final do arco-íris. Então veio eleição após eleição. Cada vez mais seu poder cresceu. Embora incapaz de desalojar Hindenburg da presidência, Hitler é hoje o líder do maior partido na Alemanha. A menos que Hindenburg assuma medidas ditatoriais, ou algum acontecimento inesperado perturbe todos os cálculos atuais, seu partido vai organizar o Reichstag (parlamento alemão) e dominar o governo. A luta de Hitler não é contra Hindenburg. É contra o chanceler Bruening. Mas é duvidoso que um sucessor de Bruening possa se sustentar sem o apoio dos Nacional-socialistas.

Muitos dos que votaram em Hindenburg tinham Hitler no coração, mas algum sentido profundo de lealdade impeliu-os, no entanto, a dar seu voto para o velho marechal-de-guerra. A não ser que um novo líder surja do dia para a noite, não há ninguém na Alemanha, com a exceção de Hindenburg, que possa derrotar Hitler - e Hindenburg tem 85 anos! A não ser que o tempo, a relutância obstinada dos franceses contra Hitler, algum erro de sua parte, ou alguma dissensão dentro das fileiras do partido prive-o da oportunidade de desempenhar o papel de um Mussolini na Alemanha.

O primeiro império alemão chegou ao fim quando Napoleão forçou o imperador austríaco a entregar sua coroa imperial. O segundo império chegou ao fim quando William II, a conselho de Hindenburg, buscou refúgio na Holanda. O terceiro império está emergindo lentamente, mas certamente, embora dispense cetros e coroas.

Eu não encontrei Hitler em seu quartel-general, a Casa Marrom em Munique. Nós discutimos o destino da Alemanha, a cada xícara de chá, na casa de um almirante aposentado da marinha alemã.

"Por que…"- perguntei a Hitler - "…você se autodenomina um nacional-socialista, uma vez que o seu programa de governo é a antítese do senso comum sobre o socialismo?"

"Socialismo…" - ele respondeu, deixando pugnazmente sua xícara de chá - "…é a ciência de lidar com o bem comum. Comunismo não é socialismo. Marxismo não é socialismo. Os marxistas roubaram o termo e confundiram o seu significado. Eu vou tirar o socialismo dos socialistas. O socialismo é uma antiga instituição ariana, germânica. Nossos antepassados alemães possuíam algumas terras em comum e cultivavam a idéia do bem comum. O marxismo não tem o direito de se disfarçar de socialismo. O socialismo, ao contrário do marxismo, não repudia a propriedade privada, não envolve qualquer negação de individualidade e, ao contrário do marxismo, é patriótico. Poderíamos escolher o termo 'Partido Liberal'. Mas optamos por nos chamar de 'Nacional-socialistas'. Nós não somos internacionalistas. Nosso socialismo é nacional. Exigimos o cumprimento pelo Estado das justas reivindicações das classes produtivas, com base na solidariedade da raça. Para nós, Estado e raça são um só."

Hitler não é um tipo puramente germânico. Seu cabelo escuro denuncia algum ancestral alpino. Durante anos, ele recusou-se a ser fotografado. Isso era parte de sua estratégia: ser reconhecido apenas pelos seus amigos, para que, no momento da crise, ele pudesse aparecer aqui, ali e acolá sorrateiramente. Hoje ele já não poderia passar despercebido em qualquer vilarejo alemão. Sua aparência contrasta estranhamente com a agressividade de suas opiniões. Nenhum moderador refinado jamais sacudira os alicerces ou sufocara as bases políticas do Estado.

"Quais são…" - continuei na minha investigação - "…as bases da sua plataforma?"

"Acreditamos numa mente saudável em um corpo saudável. O corpo político deve se fazer ressoar, se a alma é saudável. Saúde moral e física são sinônimos."

"Mussolini…" - eu interrompi - "…me disse o mesmo." Hitler ficou radiante.

"A favelização das cidades…" - acrescentou - "…é responsável por nove décimos, e o álcool, por um décimo, de toda a depravação humana. Nenhum homem saudável é um marxista. Homens saudáveis reconhecem o valor da individualidade, da propriedade. Nós lutamos contra as forças do caos e da degeneração. A Baviera é relativamente saudável, porque ela não está completamente industrializada. No entanto, toda a Alemanha, incluindo a Baviera, está condenada à intensiva industrialização pela pequenez do nosso território. Se quisermos salvar a Alemanha temos de fazer com que os nossos agricultores permaneçam fiéis às suas terras. Para isso, eles devem ter espaço para respirar e espaço para trabalhar. "

"Onde você vai encontrar o espaço para trabalhar?"

"Temos que manter nossas colônias e devemos expandir para o leste. Houve um tempo em que nós poderíamos ter compartilhado o domínio mundial com a Inglaterra. Agora nós só podemos esticar nossas pernas apertadas apenas para o oriente. O Báltico é necessariamente um lago alemão."

"Seria possível…" - eu perguntei - "…para a Alemanha, reconquistar o mundo economicamente sem estender seu território?"

Hitler balançou a cabeça negativamente.

"O imperialismo econômico, como o imperialismo militar, depende do poder. Não pode existir um comércio exterior globalizado, sem um poder globalizado. Nosso povo não aprendeu a pensar em termos de poder e comércio globalizados. Contudo, a Alemanha não pode se estender comercialmente ou territorialmente até que ela recupere o que perdeu e até que ela se encontre. Estamos na situação de um homem cuja casa foi incendiada. Ele precisa de um teto sobre sua cabeça antes que possa iniciar planos mais ambiciosos. Nós conseguimos criar um abrigo emergencial, que nos protege da chuva, mas não estamos preparados para uma chuva de granizo. Azaradamente, o granizo caiu sobre nós. A Alemanha tem vivenciado uma verdadeira avalanche de catástrofes nacional, moral e econômica. Nossa estrutura partidária desmoralizada é sintoma do nosso desastre. As maiorias parlamentares flutuam com o humor do momento. O parlamento abriu as portas para o bolchevismo."

"Ao contrário de alguns militaristas alemães, você não é favorável a uma aliança com a Rússia soviética?"

Hitler evitou uma resposta direta a esta pergunta. E também evitou dar, quando perguntado recentemente pela Liberty [Magazine], uma resposta à declaração de Trotsky de que a sua tomada de poder na Alemanha envolveria uma luta de vida-ou-morte entre a Europa, liderada pela Alemanha, e a Rússia soviética.

Não convém a Hitler atacar o bolchevismo russo. Ele pode até vislumbrar uma aliança com o bolchevismo como última carta, se estiver em perigo de perder o jogo. Em uma ocasião, ele insinuou: "Se o capitalismo se recusa a reconhecer que os Nacional-socialistas são o último baluarte da propriedade privada, se o capital impedir a sua luta, a Alemanha pode ser obrigada a lançar-se nos braços da sereia sedutora: a Rússia soviética." Mas ele está determinado a não permitir que o bolchevismo crie raízes na Alemanha.

No passado, Hitler respondeu com cautela aos avanços do chanceler Bruening e outros que desejavam formar uma frente política unida. Tendo em vista o aumento constante de votos a favor dos Nacionais-socialistas, é pouco provável que haja um cenário favorável a uma parceria de qualquer natureza.

"As combinações políticas de que dependem uma frente unida são muito instáveis." - Hitler observou. "Elas impossibilitam quase que totalmente uma estratégia claramente definida. Vejo em todos os lugares o ziguezague entre compromisso e concessão. Nossas forças construtivas são testadas pela tirania dos números. Nós cometemos o erro de aplicar a aritmética e a mecânica do mundo econômico ao nosso cotidiano. Estamos ameaçados por números crescentes e ideais nunca decrescentes. Meros números são desnecessários."

"Mas suponha que a França retalie contra você mais uma vez, invadindo o seu solo? Ela invadiu o Ruhr antes. Ela pode invadi-lo novamente."

"Isso não importa" - respondeu Hitler, completamente apaixonado - "Quantos quilômetros quadrados o inimigo pode ocupar, se o espírito nacional estiver desperto? Dez milhões de alemães livres, prontos para morrer para que seu país possa viver, são mais fortes que 50 milhões, cuja força de vontade está paralisada e cuja consciência de raça está infectada por forasteiros. Nós queremos unir todas as tribos germânicas numa Alemanha maior. Mas nossa salvação pode começar no lugar menos favorecido. Se possuirmos apenas 10 hectares de terra, e estivermos determinados a defendê-los com nossas vidas, esses 10 hectares se tornarão foco de regeneração. Nossos trabalhadores têm duas almas: uma é alemã, a outra é marxista. Devemos despertar a alma alemã. Devemos extirpar o cancro do marxismo. Marxismo e germanismo são antíteses."

As veias na testa de Hitler se destacaram ameaçadoramente. Sua voz encheu a sala.

"No meu projeto de Estado alemão, não haverá espaço para o estrangeiro, para o vadio, para o agiota ou especulador, nem para os incapacitados ao trabalho produtivo."

Houve um barulho na porta. Seus seguidores, que sempre permanecem de prontidão, como guarda-costas, lembraram ao líder do seu dever em uma reunião.

Hitler engoliu seu chá e se levantou.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Mergulho nas Ilhas Fiji



Neste vídeo sensacional, visualizamos detalhes supreendentes da vida subaquática e seu cotidiano paradisíaco em várias colagens de filmes HD em macro

As imagens foram feitas no Jardim de Dakuwaqa, entre as ilhas Tonga e Fiji.