quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Ai se sêsse!


Ai se sêsse!

Se um dia nóis se gostasse,
se um dia nóis se queresse

Se nóis dois se empareasse,
se juntinho nóis dois vivesse

Se juntinho nóis dois morasse,
se juntinho nóis dois drumisse

Se juntinho nóis dois morresse,
se pro céu nóis assubisse

Mas porém se acontecesse que São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice?

E se eu me arriminasse,
e tu com eu insistisse pra que eu me arresolvesse,
e da minha faca puxasse,
e o bucho do céu furasse?

Tarvez que nóis dois ficasse,
tarvez que nóis dois caísse
E o céu furado arriasse,
e as Virge todas fugisse

Severino de Andrade Silva 
(o poeta Zé da Luz)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Tradição búlgara



THE GREAT VOICES OF BULGARIA WOMEN'S CHOIR is a successor of The Women’s Choir of Sofia, a group of professional singers that has existed for more than 50 years. Their throat vocal technique is based upon a completely natural kind of sound production, sustaining the voice by using the neck muscles, instead of the diaphragm. Since 1980, under the direction of Zdravko Mihaylov, their repertoire was expanded to include arrangements of traditional Bulgarian music composed with modern harmony and polyphony.

Cristalizando o coração

The xx, a banda inglesa de estilo Indie que surgiu em 2009, que rapidamente conquistou fãs e críticos, que ganhou indicações e prêmios (um Mercury, por sinal), que emplacou na 3a posição do U.K. Albuns Chart o seu álbum debut, não precisa mais provar ao mundo a que veio. Deixo como exemplo a letra da música Crystalized, logo abaixo, uma belíssima comparação entre o amor e o vício (de drogas? - tudo leva a crer que a letra se refere aos cristais de meta-anfetamina, droga altamente viciante e que causa danos cerebrais irreversíveis). Se o amor é um vício comparável ao uso de drogas, devemos esperar prazer a preço de dor, satisfação à custa de anulação. É demais pra você? Go slow...



Crystalised

You've applied the pressure
To have me crystalized
And you've got the faith
That I could bring paradise

I'll forgive and forget
Before I'm paralyzed
Do I have to keep up the pace
To keep you satisfied

Things have gotten closer to the sun
And I've done things in small doses
So don't think that I'm pushing you away
When you're the one that I've kept closest

(Ahh ahh ahh) (x4)

You don't move slow
Taking steps in my directions
The sound resounds, echo
Does it lesson your affection
No

You say I'm foolish
For pushing this aside
But burn down our home
I won't leave alive

Glaciers have melted to the sea
I wish the tide would take me over
I've been down on my knees
And you just keep on getting closer

(Ahh ahh ahh) (x4)

Glaciers have melted to the sea (Things have gotten closer to the sun)
I wish the tide would take me over (And I've done things in small doses)
I've been down onto my knees (So don't think that I'm pushing you away)
And you just keep on getting closer (When you're the one that I've kept closest)

Go slow (5x)

sábado, 5 de novembro de 2011

O declínio do Império Offshore mundial


A Suíça tremula. Zurique alarma-se. Os belos bancos, elegantes, silenciosos de Basileia e Berna estão ofegantes. Poderia dizer-se que eles estão assistindo na penumbra a uma morte ou estão velando um moribundo. Esse moribundo, que talvez acabe mesmo morrendo, é o segredo bancário suíço.

O ataque veio dos Estados Unidos, em acordo com o presidente Obama. O primeiro tiro de advertência foi dado em fevereiro de 2009. A UBS - União de Bancos Suíços, gigantesca instituição bancária suíça viu-se obrigada a fornecer os nomes de 250 clientes americanos por ela ajudados para defraudar o fisco. O banco protestou, mas os americanos ameaçaram retirar a sua licença nos Estados Unidos. Os suíços, então, passaram os nomes. E a vida bancária foi retomada tranquilamente. Mas, nos meses seguintes, o ataque foi retomado. Desta vez os americanos golpearam forte, exigindo que a UBS forneça o nome dos seus 52.000 clientes titulares de contas ilegais. O banco protestou. A Suíça está temerosa. O partido de extrema-direita, UDC (União Democrática do Centro), que detém um terço das cadeiras no Parlamento Federal, propõe que o segredo bancário seja inscrito e ancorado pela Constituição federal. Mas como resistir? A União de Bancos Suíços não pode perder sua licença nos EUA, pois é nesse país que aufere um terço dos seus benefícios. Um dos pilares da Suíça está sendo sacudido. O segredo bancário suíço não é coisa recente. Esse dogma foi proclamado por uma lei de 1934, embora já existisse desde 1714. 

 
No início do século 19, o escritor francês Chateaubriand escreveu que neutros nas grandes revoluções nos Estados que os rodeavam, os suíços enriqueceram à custa da desgraça alheia e fundaram os bancos em cima das calamidades humanas. Acabar com o segredo bancário será uma catástrofe económica. Para Hans Rudolf Merz, presidente da Confederação Helvética, uma falência da União de Bancos Suíços custaria 300 biliões de francos suíços ou 201 milhões de dólares. E não se trata apenas do UBS. Toda a rede bancária do país funciona da mesma maneira. O historiador suíço Jean Ziegler, que há mais de 30 anos denuncia a imoralidade helvética, estima que os banqueiros do país, amparados no segredo bancário, fazem frutificar três trilhões de dólares de fortunas privadas estrangeiras, sendo que os activos estrangeiros chamados institucionais, como os fundos de pensão, são nitidamente minoritários. Ziegler acrescenta ainda que se calcula em 27% a parte da Suíça no conjunto dos mercados financeiros "offshore" do mundo, bem à frente de Luxemburgo, Caribe ou o extremo Oriente. 


Na Suíça, um pequeno país de 8 milhões de habitantes, 107 mil pessoas trabalham em bancos. O manejo do dinheiro na Suíça, diz Ziegler, reveste-se de um carácter sacramental. Guardar, recolher, contar, especular e ocultar o dinheiro, são todos actos que se revestem de uma majestade ontológica, que nenhuma palavra deve macular e realizam-se em silêncio e recolhimento. Onde param as fortunas recolhidas pela Alemanha Nazi? Onde estão as fortunas colossais de ditadores como Mobutu do Zaire, Eduardo dos Santos de Angola, dos Barões da droga Colombiana, Papa-Doc do Haiti, de Mugabe do Zimbabwe e da Máfia Russa? Quantos actuais e ex-governantes, presidentes, ministros, reis e outros instalados no poder, até em cargos mais discretos como Presidentes de Municípios têm chorudas contas na Suíça? Quantas ficam eternamente esquecidas na Suíça, congeladas, e quando os titulares das contas morrem ou caem da cadeira do poder, estas tornam-se impossíveis de alcançar pelos legítimos herdeiros ou pelos países que indevidamente espoliaram? Porquê após a morte de Mobutu, os seus filhos nunca conseguiram entrar na Suíça? Tudo lá ficou para sempre e em segredo. 

Agora surge um outro perigo, depois do duro golpe dos americanos. Na mini cúpula europeia que se realizou em Berlim, (em preparação ao encontro do G-20 em Londres), França, Alemanha e Inglaterra (o que foi inesperado) chegaram a um acordo no sentido de sancionar os paraísos fiscais. "Precisamos de uma lista daqueles que recusam a cooperação internacional", vociferou a chanceler Angela Merkel. O encarregado do departamento do Tesouro britânico Alistair Darling, apelou aos suíços para se ajustarem às leis fiscais e bancárias europeias. Vale observar, contudo, que a Suíça não foi convidada para participar do G-20 de Londres, quando serão debatidas as sanções a serem adoptadas contra os paraísos fiscais.  

Há muito tempo se deseja o fim do segredo bancário. Mas até agora, em razão da prosperidade económica mundial, todas as tentativas eram abortadas. Hoje, estamos em crise. Viva a crise! Barack Obama, quando era senador, denunciou com perseverança a imoralidade desses remansos de paz para o dinheiro corrompido. Hoje ele é presidente. É preciso acrescentar que os Estados Unidos têm muitos defeitos, mas a fraude fiscal sempre foi considerada um dos crimes mais graves no país. Nos anos 30, os americanos conseguiram caçar Al Capone. Sob que pretexto? Fraude fiscal! Para muito breve, a queda do império financeiro suíço!

domingo, 11 de setembro de 2011

Exposição "PIIOTOS", simultânea em SP e NY, relembra o World Trade Center

Um olhar brasileiro sobre um dos maiores símbolos nova-iorquinos, exibido lá e cá. É o que propõe o jornalista Fernando Costa Neto para lembrar os dez anos do 11 de Setembro.

Ele organiza a exposição "PIIOTOS WTC 1973-2011 SP|NY", que será exibida de 1º a 17 de setembro na galeria Soma, em São Paulo, e de 7 a 17 do mesmo mês na 1500 Gallery, em Nova York.

Para reunir os registros, Fernando entrou em contato com 250 fotógrafos, perguntando se eles tinham imagens das Torres Gêmeas.

Das 60 fotografias recebidas, 22 foram selecionadas --de profissionais como German Lorca, Bob Wolfenson, Paulo Vainer e Ignácio Aronovich.

"Muitas das pessoas estavam de férias, ou moravam em Nova York nos anos 1980, uma época em que os fotógrafos brasileiros invadiram a cidade", diz o curador.

"Acho que essas imagens também são um bom retrato da evolução da fotografia dos anos 1970 até hoje."

A seguir, leia relatos sobre as circunstâncias em que foram tiradas algumas das fotos que serão expostas. As descrições foram feitas pelos artistas ao curador, que as revelou:


CHRISTIAN SIEVERS (1995)
"Morei em Nova York de 1990 a 1997. No dia em que tirei esta foto, trabalhava no píer próximo ao WTC quando um avião espalhou essa espiral em Nova Jersey"


ÂNGELO MACIEL (1989)
"Ganhei, em um prêmio, uma volta ao mundo e 5.000 libras. Gastei em equipamento fotográfico em NY. Assim fiz essa foto. A luz era linda"


BOB WOLFENSON (1983)
"Em 1982, passei um ano morando em Nova York. Trabalhava como assistente do fotógrafo Bill King. Nesta foto usei uma Nikon FM2"


GERMAN LORCA (1997)
"Estava no Píer 17, onde funcionou um famoso mercado de peixes e hoje é um centro com restaurantes, lojas, bares. Enquanto caminhava, vi esse Jaguar lindo, com as torres refletidas nele"


WALTER NICOLAU JUNIOR (1997)
"Eu passeava com minha Leica M6 recém-comprada e não pude deixar de captar o WTC de vários ângulos. Essa tomada da projeção das torres sobre o rio e a cidade distante é a minha preferida"


LUFE GOMES (2009)
"Era outono e eu viajava pela primeira vez aos EUA. Fui atraído por essa nuvem leve e sensível que flutuava perto do lugar onde as torres deveriam estar. Ela parecia me dizer algo"


Demais fotos que compõem a exposição:


















"PIIOTOS WTC 1973-2011 SP|NY" - Espaço Soma - r. Fidalga, 98, Vila Madalena, zona oeste, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/3034-0515. 1º a 17/9. Seg. a sex.: 10h às 18h. Sáb.: 12h às 18h.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A arte de amar, segundo Manuel Bandeira


Arte de Amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

de Manuel Bandeira

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Within the Sound of Silence


"Quando a voz de um amigo se cala, nosso coração continua ouvindo o seu coração". 
 Gibran Khalil Gibran 


quarta-feira, 6 de julho de 2011

A alimentação pelo mundo

Viver tem o seu custo. Ter uma família, poder educar os filhos, planejar a prole, oferecer assistência médica e odontológica.

Esqueçamos isso tudo. Vamos nos concentrar apenas na alimentação. O principal para a subexistência. Parece simples mas é praticamente impossível pensar no básico sem dissociar de bem estar e saúde, ou  distiguir o supérfluo do necessário. Riqueza e poder de compra são elementos tão básicos para a vida, que vão além das necessidades diárias de calorias e proteínas. Só visualizando para se compreender. O ensaio abaixo é apenas um exemplo, e também uma maneira de se imaginar como serão os desafios para o mundo quando todos os países forem atingindo graus elevados de desenvolvimento. A China com 1 bilhão e meio de consumidores, prestes a se tornar a Alemanha do futuro em termos de comida. E água para toda essa gente, será que vamos conseguir?

Atentem para o tamanho da prole, a dieta alimentar, a disponibilidade de alimentos e a despesa em dólares, para uma família típica de cada país em 1 semana.

1 - Alemanha: Família Melander de Bargteheide.
Despesa com alimentação em 1 semana: 375.39 Euros / $500.07 dólares


2 - Estados Unidos da América: Família Revis da Carolina do Norte
Despesa com alimentação em 1 semana: $341.98 dolares


3 - Italia: Família Manzo da Secília
Despesa com alimentação em 1 semana: 214.36 Euros /  $260.11 dolares


4 - México: Família Casales de Cuernavaca
Despesa com alimentação em 1 semana: 1,862.78 Pesos / $189.09 dólares


5 - Polónia: Família Sobczynscy de Konstancin-Jeziorna
Despesa com alimentação em 1 semana: 582.48 Zlotys / $151.27 dólares


6 - Egito: Família Ahmed  do Cairo
Despesa com alimentação em 1 semana: 387.85 Egyptian Pounds / $68.53 dólares


7 - Equador: Família Ayme de Tingo
Despesa com alimentação em 1 semana: $31.55 dólares


8 - Butão: Família Namgay da vila de Shingkhey
Despesa com alimentação em 1 semana: 224.93 ngultrum / $5.03 dólares


9 - Chade: Família Aboubakar do campo de refugiados de Breidjing
Despesa com alimentação por semana: 685 Francos / $1.23 dólares

domingo, 3 de julho de 2011

Um Profeta

De que país falamos quando, olhando para o seu sistema penitenciário, vemos corrupção entre os carcereiros, guerra entre grupos rivais, uso de celulares pelos presidiários e advogados tão (ou mais) bandidos que seus clientes? Não, você errou. Não é do Brasil, nem de nenhum país pobre da América Latina, mas da França, a terra da "Igualdade, Fraternidade e Liberdade".


Em Um Profeta (Un Prophète), desconstrói-se o mítico simbolismo das três cores que, desde 1789, representam a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, maior conquista da mais importante revolução de todos os tempos. A ascendente desigualdade social, de origem pré-Euro (o filme começa com o protagonista tentando esconder uma nota de 50 francos no sapato), faz suas vítimas num país em que cada vez mais faltam empregos que acomodem a todos.


A rica e desenvolvida França atual, tem historicamente um passado que a condena: certo dia ela já fora imperialista e colonizadora, não restando alternativas a não ser colher (e acolher) os amargos frutos de sua inescapável responsabilidade social - o crescente número de imigrantes. Em sua maioria mulçumanos de recentes ex-colônias africanas (como Argélia, Marrocos e Tunísia), seus cidadãos não se contentam em falar apenas o francês, única herança deixada pelo antigo colonizador, buscando certo 'reparo' histórico, através de trabalho e melhores condições de vida. Um Profeta aborda esta temática social de maneira sutil. Mas deixa bem claro que a França repete o que de pior acontece em todos os países do mundo: o sitema carcerário é composto pelos mais pobres e desvalidos, pelos negros e imigrantes. E ainda sugere o que se desconfia empiricamente em diversos ensaios e artigos mundo afora: que ao invés de recuperar o detento, a prisão o insere ainda mais no mundo do crime.


O diretor francês Jacques Audiard, que já havia conquistado com Um Profeta o grande prêmio do júri em Cannes, ganhou 9 troféus - Melhor Filme, Melhor Diretor (Jacques Audiard), Melhor Ator (Tahar Rahim), Melhor Ator Coadjuvante (Niels Arestrup), Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Direção Artística e Ator Mais Promissor (Tahar Rahim) - na cerimônia de entrega do César, o prêmio máximo do cinema francês. O drama de um jovem imigrante que faz escola no crime em uma prisão francesa, é interpretado pelo brilhante Tahar Rahim, no seu maior papel até então. O filme foi visto por mais de 2 milhões de telespectadores e, atualmente, encontra-se em cartaz na HBO Brasil. Audiard já havia conquistado 8 Césares por De tanto bater, meu coração parou, de 2005, e é considerado um dos mais prestigiados diretores da atualidade.



Outro destaque se deve ao coadjuvante Niels Arestrup, já habitual colaborador de Audiard. No papel de César Luciani, o mafioso corso, Arestrup cria um personagem poderoso que assiste a toda a decadência do seu mundo e da sua vida, cuja idade se faz ressentir.


Sua atuação nesse filme me lembrou muito a do paraibano José Dumont em Abril Despedaçado: o pai tirano que submete o filho a uma dura provação. Tahar Rahim, no papel de Malik El Djebena, também cumpre a vontade do 'pai', tal como Tonho (Rodrigo Santoro). Mas as semelhanças psicológicas das personagens terminam por aí, pois a temática de Um Profeta, carregada de elementos sócio-raciais, impede a progressão dos laços entre corsos e árabes, uma metáfora para a grande dificuldade de coexistência racial na Europa de hoje e, igualmente, uma grande advertência para que o futuro do Euro - a idéia de uma Europa única - não passe de uma grande utopia. Talvez aqui se encontre a grade profecia do filme. Aliás, na cerimônia de premiação do César, Audiard aproveitou a tribuna de agradecimento para discursar a favor de quem na França trabalha sem documentos legais, sem residência, mas que contribui para a riqueza do país.

 
Em alguns momentos, Um Profeta pode parecer demasiado longo e arrastado (2h30m de duração). Talvez pela difícil missão que Audiar teve de torná-lo abrangente, sem desmerecer a trama. Tecnicamente trata-se de um filme muito belo, cujos planos movimentados de Stéphane Fontaine, o diretor de fotografia, nos fazem sentir como se fossemos um elemento observador de todo o enredo. Não há pretensiosismo, sua única pretensão é mostrar a realidade e contar a sua história. E isso já é o grande pontapé para uma obra prima.


Também sobre o filme:

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Para poder morrer, Hilda Hilst

Para poder morrer
Guardo insultos e agulhas
Entre as sedas do luto.
Para poder morrer
Desarmo as armadilhas
Me estendo entre as paredes
Derruídas
Para poder morrer
Visto as cambraias
E apascento os olhos
Para novas vidas
Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória.
Porque assim é preciso
Para que tu vivas.