Estava frio e nublado naquela manhã de sábado, precisamente 4 de junho de 2011, em Bariloche. Um panorama completamente diferente do dia anterior, quando o condutor do transfer do aeroporto ao hotel em que eu estava hospedado exclamou: "Hoy es un día muy hermoso, desfrute de ello porque es poco común en esta temporada". Deixei as malas no hotel e fui direto para Cierro Catedral, a maior estação de esqui da América Latina onde realmente pude constatar.
Voltando ao dia 4 de julho, que amanheceu nublado e assim permaneceu durante a maior parte do tempo, geralmente por volta das 14hs o céu começa a se abrir no outono patagônico. Em Llao Llao, no oeste de Bariloche - mais próximo ao Chile, portanto - uma paisagem exuberante em que o destino permitiu fazer as últimas fotos da viagem, pois logo após o dia viraria noite.
A tempestade que vem ao fundo, nesta última foto do píer feita por volta de 16hs da tarde, não era uma simples tempestade. Era o vulcão Puyehue que resolvera entrar em erupção jogando terra (literalmente) em um raio de mais de 800 km para onde o vento carregou suas cinzas. O lado das nuvens escuras é a fronteira com o Chile. O taxista avisou que vinha uma tempestade. E quando o dia virou noite, ele estranhou que há tempos isso não acontecia. No dia seguinte, a paisagem de Bariloche amanheceu como no Day After de Apocalipse.
Depois disso, minha viagem de volta a Buenos Aires durou mais de 20hs de ônibus, nas quais as primeiras 6hs foram em uma estrada completamente coberta de cinzas. De alguma maneira, o pó abrasivo penetrava no interior do ônibus, ressecando os olhos, cabelos e vias aéreas de todos os passageiros. Quando finalmente chegamos, todos os aeroportos estavam fechados e os hotéis lotados. A espera para o primeiro vôo para o Brasil foi de mais de 10hs quando, por um breve período, os aeroportos se abriram. Uma viagem de 1 semana, acabou se tornando um tormento de 4 dias (com muita sorte, pois as cinzas não foram tóxicas nem houve fluxo piroclástico).
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